sábado, 26 de fevereiro de 2011

Milagre

Todos os dias acordamos esperando por algo especial, por um milagre. Às vezes nem percebemos que acordar todos os dias já uma dádiva. Às vezes nem agradecemos todas nossas bençãos, não notamos o prazer de poder respirar mais uma vez. Abrir e fechar os olhos novamente. Às vezes as coisas mais importantes passam despercebidas.
Como um verdadeiro abraço não sendo retribuído. Ou as coisas mais simples da vida, como curtir um belo por-do-sol ou um lindo arcoíris depois da tempestade. Esses são grandes milagres.
Milagre ver o sol invencível raiar novamente depois de encoberto por uma nuvem, aquela que milagrosamente faz com que gotas de chuva percam-se em nossos cabelos. Outro milagre é ver as estrelas, infinitas, no cair da  noite, e percebê-las multiplicadas enquanto escurece ainda mais.
Correr e sentir o coração batendo no seu ritmo variável, sentir o vento apertar seus ossos. Mergulhar e sentir a água "tapar" os ouvidos, ver as bolhas subindo à superfície cada vez que você respira. A pergunta é: precisamos mesmo tanto de outros milagres se a vida já é um?

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Intrigante

Tudo o que quero dizer não está saindo certo agora. Nem sei porque perdi meu tempo fazendo discursos se eu sabia que iria me perder em seus olhos. Os mesmos que eu não consigo parar de olhar. Somos eu e você e todas as pessoas, mas, sem sentido, a unica que vejo é você. O mundo parece estranho e silencioso quando você não está por perto. Esqueci as palavras que ensaiei, mas quanto mais nos olhamos, mais sei o que quero falar: todos seus gestos são tão bonitos, tudo o que você faz me encanta...
E ao fechar os olhos é você que vejo, novamente, mas ao abri-los ver sua face inquieta me espiando, tão mágico, que  até paro de pensar.

Infinito.

Apenas percebi que aquele era um adeus quando fechei a janela de meu quarto. Percebi que nunca mais ouviria o familiar barulhinho das pedras quando ele vinha me visitar à noite, acordando-me de sonhos com ele. Percebi que nunca mais veria seu sorriso quando dava a última nota da música no violão e via minha face admirada. Percebi que nunca mais teria meu quarto cheio de recados de amor, e percebi que não teria mais que fingir brigar com ele, chamá-lo de bobo, enquanto eu amava aquilo que ele fazia.
Percebi que uma parte de meu coração nunca deixaria de amá-lo completamente, não importa o tempo que passe. Percebi que uma das melhores pessoas da minha vida estava partindo para não mais voltar.
Senti os momentos tornarem-se infinitos para mim, e soube que também o seriam para ele. Não haveria mais abraços calorosos debaixo de chuva, nem mãos dadas ao por-do-sol, mas eu sabia que ele também pensaria em mim, onde quer que estivesse. E toda vez que eu fechava os olhos conseguia encontrar seu olhar...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Minha resposta.

Estava tudo tão calmo, silencioso. Apenas eu e minha alma, conversando frente à frente, revelando meus segredos profundos, vendo no fundo infinito de nossos olhos.
Eu podia escutar minha própria respiração ecoando pelo espaço, incrivelmente alta para os padrões. E eu estava tão tranquila, sentindo no inconsciente a grandeza da situação. Eu estava para descobrir meu destino por mim mesma. Já sabia de tudo aquilo, mas de alguma forma as informações seriam um vocabulário inédito nos meus tímpanos.
Mantive o olhar que estava recebendo, demonstrando minha coragem muda e forte, enquanto via pedaços de vidas passadas flutuando dentro de minha alma. Aquelas pequenas visões encaixavam com algo que existia dentro de mim, e senti coisas inexplicáveis. Eu tocava algo maior que todo o anterior.
Então chegou minha vida presente. Vi sorrisos de pessoas que ocuparam meu coração, também como experiências que guardaram-se na memória. Beijos que queria esquecer, abraços de pessoas que eu achava que eram essenciais nos meus dias e que perderam-se com o tempo.
Vi a mim mesma amadurecendo em minhas fases, infinitas fases, passando pela garotinha mimada à garota sonhadora, e meus sonhos mudando com pouca velocidade, mas em direção significativa.
E a imagem foi mudando caleidoscópicamente até que tornou-se um espelho: vi minha face intrigada mirando a mim mesma, obedecendo até o piscar de olhos e a respiração. Desviei o olhar de minha alma e percebi que ela estava desaparecendo, que as moléculas de ar estavam ocupando seu espaço.
Eu não queria que isso acontecesse e a encarei novamente, vendo meu rosto sorrindo. Enquanto eu não estava.
Eu me sorria e me intrigava ao mesmo tempo que sumia. Desesperada, gritei pedindo pela resposta, a que havia sido prometida se eu embarcasse na viagem.
E meu eu respondeu-me, um instante de sumir, que eu era a resposta para meus próprios pedidos.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Minhas infinitas versões

Parece que faz tanto tempo que gosto de você, acho que já vivia assim e meu subconsciente só não queria me contar. Não vejo mais um viver diferente, em que seus sorrisos não façam parte do meu dia a dia e quebram um pouco o cotidiano. Fico feliz por ter finalmente alguém que me faça rir sempre, sem me preocupar em tentar agradar os outros.
Com você eu posso mostrar aquele eu que quase ninguém conhece, que é divertido e engraçado, e que não para de falar um segundo. Nada a ver com o que os outros pensam.
E posso deixar à tona aquela garota sensível, que gosta da tranquilidade, escreve com o coração, sem me importar, porque você me entende. E não ligo para o que os outros pensam.
Não me importo com nada quando estou com você, mas é a coisa mais importante para mim. Não ligo para o que pensa de mim, mas quero que pense o melhor. Mas sei que vai: sou sempre minha melhor versão quando estou com você.